PPC
A UFRR elaborou e instituiu em 2009 o Plano Institucional de Formação de Quadros Docentes, PLANFOR (2010-2013) e definiu como um dos objetivos a criação de novos programas de pós-graduação até 2013. Dentre estes, a criação de um curso de pós-graduação na área das Ciências Humanas mostrou-se como dos mais importantes, tendo em vista a demanda e a inexistência de cursos nessa área no estado de Roraima e o baixo número de cursos na área interdisciplinar na região Norte, conforme documento da Comissão de Avaliação da Área Interdisciplinar. Assim, o Centro de Ciências Humanas, CCH, apresentou o seu Programa de Pós- Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas e Sociais com o Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Fronteiras (PPGSOF), aprovado pela CAPES, em 2011. Em janeiro de 2012 foi realizado o primeiro processo seletivo de ingresso de discentes no programa.
O Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Fronteiras (PPGSOF) tem importância ímpar em discutir questões fundamentais relacionadas à área de Ciências Humanas e Sociais na região Amazônica e, em especial, na tríplice fronteira (República Federativa do Brasil, República Bolivariana da Venezuela e a República Cooperativa da Guiana) em que está localizado, permitindo a capacitação de profissionais para atuarem em campos ainda abertos à importantes pesquisas. Desta forma, possibilita a produção do conhecimento necessário para o enfrentamento de questões latentes nessa região. A formação de recursos humanos qualificados, tanto para a Administração Pública, como para sociedade civil contribui para o aprimoramento da gestão pública e a redução da dívida social, bem como, para a formação de um público que faz uso dos recursos da ciência e dos avanços produtivos gerados visando o desenvolvimento micro- regional, regional e/ou nacional e a disseminação de técnicas e conhecimentos.
Esta iniciativa proporcionou aos egressos da UFRR e de outras instituições de ensino superior no estado e fora dele, inclusive os graduados dos países vizinhos, a continuidade na sua formação em um campo ainda bastante carente na região. Isto complementa os esforços depreendidos pela instituição ao longo dos anos que, desde a sua fundação investiu na capacitação de seus professores.
A região da Amazônia é compartilhada por nove países: Suriname, República Bolivariana da Venezuela, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, República Cooperativa da Guiana, Peru, Bolívia e Brasil. A diversidade de sociedades compreendida nesta região não diz respeito somente às diferentes características identitárias nacionais. A caracterização das sociedades na Amazônia indica que também sociedades em nível subnacional e transnacional formam a complexa tessitura societária amazônica, conforme o caso das diferentes comunidades e etnias indígenas, as populações tradicionais, os movimentos migratórios, entre outros. Registre-se que o interesse científico nesta região não se restringe somente aos pesquisadores regionais; cientistas de diversas nacionalidades como alemães, holandeses, chineses, buscam junto à Universidade de Roraima aporte para suas agendas de pesquisa.
A Região Amazônica é uma das mais relevantes em questões de política nacional e internacional brasileira ao congregar diversidade de temas sensíveis às políticas nacionais e regionais do Brasil e de seus vizinhos, bem como ao atrair a atenção de outros membros da sociedade internacional. Além disso, o contexto atual é de extrapolação dos limites do Estado- Nação, de deslocamentos populacionais na transfronteira fazendo emergir processos de (re)construção socioculturais e identitárias singulares do espaço Pan-Amazônica, sul-americano e latino-americano. Apesar de ser o centro dos interesses mundiais, a Amazonia, principalmente devido às suas dimensões continentais, que a torna geopoliticamente estratégica, ainda é tratada como periferia pelos países dos quais faz parte. A formação da Amazônia é estratégica para que a região saia da posição marginal e ganhe o destaque que lhe cabe, inclusive, no campo da ciência. A formação de uma base de dados sobre diferentes temas ligados à Amazônia é fundamental para aprimorar e fortalecer a produção do conhecimento na e sobre a Amazônia.
O Estado de Roraima é um dos estados que forma a Amazônia brasileira, ao mesmo tempo em que conforma um espaço de tríplice fronteira - Brasil, Venezuela e República Cooperativa da Guiana - e um eixo estratégico entre a Amazônia e o Caribe. Os processos de integração que na atualidade impulsionam, principalmente Brasil e Venezuela, sobretudo no que diz respeito a área fronteiriça ao sudeste do estado Bolívar e noroeste do estado de Roraima, pode ser exemplificado, dentre outros pelos Acordos de integração energética (2001) e Acordos de cooperação e pesquisa acadêmica na área de educação (2008), entre outros. Com a República Cooperativa da Guiana o processo de integração vem ocorrendo paulatinamente, ao mesmo tempo em que a mobilidade transfronteiriça tornou-se mais enérgica nesta tríplice fronteira marcada pelo cotidiano dos grupos étnicos e nacionais que desenham fluxos migratórios diários e transfronteiriços, dando origem e fortalecendo as redes sociais que se estendem por intermédio das relações de comércio, de trabalho, de serviços públicos, de lazer, de parentesco, de vizinhança e de religiosidade.
O Estado de Roraima reflete a pluralidade societária na região amazônica. O estado mais ao norte do Brasil possui mais fronteiras com os países vizinhos, Venezuela e Guiana, do que com o próprio território nacional. Somente na Guiana é possível encontrar a cultura hindu, chinesa, brasileira, inglesa e islâmica. Nas faixas de fronteira nacionais existem terras indígenas que evidenciam relações transnacionais de parentesco e de etnia. Esta conformação fronteiriça situa o Estado de Roraima no eixo entre a Amazônia e o Caribe e, assim, mais identidades, mais sociedades, mais fronteiras.
As complexas relações societárias na Amazônia e, em particular, no estado de Roraima, permitem perceber com clareza que o conceito de fronteira ultrapassa os traços cartográficos dos Estados Nacionais. As fronteiras podem ser soerguidas em função da diversidade de línguas, de etnias, de imaginários coletivos. Existem mesmo territórios que não compartilham a floresta tropical amazônica, como é o caso das savanas, dos cerrados, das bordas litorâneas caribenhas, mas que são compreendidos dentro das fronteiras simbólicas amazônicas em virtude de traços identitários comuns.
A relação complexa entre sociedades e fronteiras na Amazônia permite que o Programa de Pós-Graduação Sociedade e Fronteiras, do Centro de Ciências Humanas – CCH, da Universidade Federal de Roraima - UFRR escolha os conceitos de sociedade e fronteira como balizadores de sua área de concentração. A riqueza de significações destes dois conceitos permite que as atividades de pesquisa do programa possam abranger os mais diversos campos das ciências humanas e sociais já consolidados na UFRR em nível de graduação e extensão: História, Geografia, Linguística, Economia, Ciências Sociais, Sociologia, Antropologia e Relações Internacionais, entre outras.
Objetivo Geral:
O Programa de Pós-Graduação stricto senso em Sociedade e Fronteiras da Universidade Federal de Roraima tem por objetivo principal a formação de recursos humanos capazes de refletir e analisar as condições de vidas das populações amazônicas e contribuir com o desenvolvimento da região.
Objetivos Específicos:
- Promover reflexões e pesquisas sobre as fronteiras e as relações sociais na região amazônica;
Possibilitar a compreensão dos processos sociais que marcaram e/ou marcam o cotidiano da vida social dessas populações; - Difundir no âmbito institucional e nas sociedades regional, nacional e internacional a relevância de estudar e pesquisar as problemáticas sociais amazônicas em suas complexidades;
- Formar docentes, pesquisadores e profissionais capazes de atuar em âmbitos diversificados, tais como: entidades governamentais e não governamentais, empresas privadas, movimentos sociais, que demandem, por suas naturezas, propósitos e funções, a compreensão da realidade e dinâmica da Amazônia;
- Contribuir com a formação de recursos humanos para os países da região amazônica, por meio da cooperação solidária internacional;
- Divulgar a produção acadêmica do programa enfatizando as problemáticas sociais amazônicas e os desafios para o desenvolvimento da região.
Duração do Curso
O curso de mestrado em Sociedade e Fronteiras terá a duração mínima de 12 meses e máxima de 24 meses.
Prazo de Qualificação
O/a aluno/a deverá qualificar até o final do 12° (décimo segundo) mês do ingresso no Programa. Para qualificar o aluno do curso de mestrado deverá entregar na Secretaria do Programa o projeto de pesquisa e um sumário comentado de sua dissertação, constando da estrutura da dissertação por capítulos com ênfase na descrição de conteúdo, objetivos e fontes. O material deverá ser entregue, no mínimo, vinte dias antes do prazo final.
Prazos para Defesa de Dissertação
O aluno terá o prazo máximo de 24 meses para defender sua dissertação de Mestrado. Excepcionalmente, perante a apresentação de razões amplamente justificadas e da apresentação de dois capítulos da dissertação e de um cronograma que claramente indique a viabilidade de conclusão pelo aluno, e de um parecer por escrito do orientador, a Comissão de Pós-Graduação poderá, a seu critério, estender o prazo para até no máximo seis meses. Esgotado o prazo, sem que tenha sido apresentada ou aprovada sua dissertação, o aluno será desligado do programa.
Sistema de Avaliação
O sistema de avaliação encontra-se expresso no Regimento do Programa.
Sistema de Seleção e Admissão
Os processos seletivos serão abertos e tornados públicos mediante edital de seleção, previamente aprovado pela Comissão ou pelo Colegiado de Pós-Graduação, a ser publicado com antecedência mínima de 30 (trinta) dias do início do prazo de inscrições.
A admissão será feita por meio de seleção pública com normas definidas em edital. O candidato deve obedecer, no mínimo, aos requisitos de ser diplomado ou possuir certificado de conclusão de graduação e de ser selecionado dentro do número de vagas, conforme condições estipuladas em edital. Os candidatos residentes no exterior poderão ser selecionados mediante análise de outros documentos, tais como: cartas de recomendação, pesquisas realizadas, trabalhos publicados, certificados de proficiência em língua portuguesa e projeto de dissertação de mestrado, conforme especificado no edital de seleção.
O processo seletivo ao curso constitui-se da Análise de Projeto de Pesquisa e Prova de conhecimentos. Poderá contar ainda com: Defesa de Memorial, Entrevista, Avaliação do Curriculum Vitae e exame de língua estrangeira (Espanhola, Francesa, Inglesa). O Edital de Seleção poderá prever, ainda, outros procedimentos para o processo de seleção.