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Dia da Advocacia – UFRR é pioneira na oferta do curso de Direito em Roraima

Published: Wednesday, 11 August 2021 08:04 | Last Updated: Wednesday, 11 August 2021 08:25

Nesta quarta-feira, 11 de agosto é comemorado o Dia da Advocacia, instituído em homenagem a criação dos cursos jurídicos do Brasil. As duas primeiras faculdades surgiram em 1827. Universidade Federal de Roraima (UFRR) foi pioneira no Estado na oferta do curso, instituído em novembro de 1991. 

“O advogado exerce papel importante para busca da justiça, pois é quem representa os interesses dos cidadãos na prática processual, quem dá voz às pessoas que buscam o Poder Judiciário para ter seus direitos protegidos”, explica a professora Lívia Dutra Barreto, coordenadora do curso de Direito da UFRR. 

A professora Lívia Barreto relata o contexto de criação da graduação jurídica em Roraima. “Desde a criação do Estado de Roraima [em 1988], as demandas por profissionais com formação jurídica são frequentes, tanto por parte do poder público quanto pela iniciativa privada. A partir da implantação do curso, a população passou a contar com profissionais formados na região, com maior tendência de fixação local”, conta. 

Nesses quase 30 anos, o curso de Direito da UFRR já formou 751 pessoas e tem 301 alunos matriculados atualmente, conforme dados do Departamento de Registro e Controle Acadêmico (Derca). É considerado um dos melhores do país, com nota 5 na avaliação do Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) e 3 no CPC (Conceito Preliminar do Curso), nas avaliações mais recentes do Ministério da Educação (MEC) com escala de 1 a 5.  

O curso de Direito da UFRR tem outros indicadores positivos. Recebeu duas vezes o Selo OAB Recomenda da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), além de ter um grande índice de aprovação dos alunos no Exame da Ordem (prova que possibilita o exercício da advocacia). O curso também conta com egressos aprovados em concursos públicos para todas as áreas jurídicas, tanto na esfera estadual como na federal. 

Conforme a professora, “os bons resultados nos indicadores estão diretamente ligados ao empenho dos discentes e docentes, que trabalham sempre para aprimorar a técnica e o ensino jurídico. O reconhecimento e resultados concretos desses esforços com certeza é motivo de muita felicidade e um impulso para mais conquistas”, destaca.  

Entre os aprimoramentos, estava o desafio de tornar o curso cada vez mais voltado às questões humanitárias e sociais. “No correr dos anos, o curso procurou amoldar o seu currículo às características e à vocação natural do estado e da região amazônica, dando ênfase para ramos como direito ambiental, direito agrário, direito internacional, bem como para a temática do direito amazônico, em especial, o direito indígena”, ressalta Lívia Barreto. 

Uma das formas de concretizar essas mudanças, foi por meio de ações afirmativas. “Nessa esteira, o curso buscou aprimorar a vocação latente na formação da população indígena local, que tem buscado profissionalização superior na área do direito, para o que passaram a ser reservadas vagas específicas”, frisa. As vagas são disponibilizadas anualmente no Vestibular Indígena.  

A UFRR também adota o sistema de cotas de acordo com o perfil socioeconômicos dos candidatos, para pretos e pardos e estudantes de baixa renda e/ou provenientes de escolas públicas. 

O curso oferta, anualmente, 60 vagas e é o segundo mais concorrido no vestibular da instituição. O ingresso se dá por meio do Vestibular da UFRR, do Sistema de Seleção Unificada, do Processo Seletivo Específico para Indígena (PSEI, o Vestibular Indígena), entre outras modalidades. A duração é de 10 semestres (padrão) a 16 semestres (máximo). 

De egressa a professora e vice-presidente da OAB RR  

Dentre os 751 egressos e egressas do curso de Direito da UFRR, está a advogada Clarissa Vencato. Ela é a terceira vice-presidente nos 42 anos de história da Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional Roraima (OAB-RR), além de ocupar o cargo de corregedora-adjunta da entidade. 

Mestra em Desenvolvimento Regional (pela UFRR), Clarissa também integra o corpo docente do curso de Direito da UFRR. “Tenho muito orgulho de ser egressa de um curso que já esteve entre os 90 melhores do Brasil e procuro ao máximo transmitir essa bagagem de conhecimento humanizada e moderna aos meus alunos da UFRR, onde leciono com muita dedicação e respeito ao papel fundamental das universidades no desenvolvimento da ciência, tecnologia e na formação cultural e política dos indivíduos”, destaca. 

Para a advogada, o perfil da advocacia sofreu profunda transformação desde que foram fundados os primeiros cursos de Direito, “em razão da democratização do acesso às universidades pela existência das cotas e outras ações afirmativas e pelo fato de mais da metade das inscrições na OAB serem de mulheres, que outrora sofriam com a vedação de acesso ao ensino superior e outras limitações jurídicas injustas”, frisa lembrando que, até hoje, a OAB Roraima teve apenas uma presidente mulher, Zelite Andrade, em 1981, hoje desembargadora aposentada em Rondônia. 

Clarissa Vencato (a direita) com Zelite Andrade, primeira mulher e única presidente da OAB-RR (Foto: Arquivo Pessoal)

Clarissa Vencato salienta que essa transformação é importante para tornar o curso cada vez mais humanizado e acessível. “A advocacia ao longo da história protagonizou inúmeras lutas e movimentos de emancipação social, portanto, representa a voz daqueles que estão oprimidos, injustiçados ou privados de seus direitos fundamentais. O curso de Direito da UFRR não forma apenas juristas conhecedores das leis, mas também pensadores com uma visão de mundo humanizada e sensível às mazelas e anseios sociais e à defesa da república e da democracia”, ressalta. 

A advogada lembra que a pauta social e a plena justiça estiveram presentes em sua formação na UFRR. “Eu tive o privilégio de estudar e ser orientada por professores que sempre nos incentivaram a defender a justiça social, os direitos humanos e todas as pautas socialmente relevantes que merecem protagonismo por terem sido historicamente ignoradas em razão da violência, do preconceito ou da exploração de grupos sociais”, finaliza. 

Confira reportagem sobre o Núcleo de Práticas Jurídicas e Direitos Humanos:

 UFRR proporciona prática da advocacia no Núcleo de Práticas Jurídicas

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