Palestra de Celso Prudente inaugura cinema da UFRR
Por Gersika Nascimento
A reitora da Universidade Federal de Roraima, Gioconda Martinez inaugurou nessa terça-feira (18) o cinema da instituição. A atividade integra a programação da V Semana da Consciência Negra e Patrimônio e do IV Festival de Capoeira da UFRR e contou com palestra do professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), antropólogo e cineasta Celso Prudente.
Gioconda destacou que o cinema, localizado no Centro Amazônico de Fronteira (CAF), será um importante espaço para exibição de filmes alternativos, fora do eixo comercial, além de documentários e mostras sobre direitos humanos, ampliando a discussão e contribuindo para a formação acadêmica.
A inauguração contou com a participação do diretor executivo da Fundação Ajuri, professor Rafael da Silva Oliveira. Ele enfatizou que o cinema vai alargar a produção cultural da UFRR e do Estado. “A administração do CAF, o maior centro de convenções de Roraima, está na gestão da Fundação e, por meio do selo Ajuri Cultural, poderemos difundir ainda mais a nossa cultura”, disse.
Para Éder Rodrigues, coordenador do Núcleo de Produção Digital da UFRR (NPD), o cinema vai proporcionar um espaço para uma cultura mais refinada, ampliando o espaço para debates e discussões sobre a produção cinematográfica local, nacional e internacional. O Núcleo está sendo estruturado, por meio de parceria com o Ministério da Cultura, para disponibilizar equipamentos aos produtores locais, tornando-se uma produtora pública.
O pró-reitor de Infraestrutura, Joel Moizinho disse que cada inauguração da UFRR traz uma grande satisfação. “A instituição se tornou uma cidade universitária com ambientes de convivência, restaurante, bancos, Correio”.
A cerimônia de inauguração contou ainda com a participação do vice-reitor da UFRR, professor Reginaldo Gomes; demais pró-reitores da instituição; do coordenador do Coletivo Canoa Cultural, Manoel Vilas Boas; professores e alunos.
“A minha vinda a Roraima é muito especial, pois eu, um africano que faço cinema negro, fui convidado por uma mulher, a professora Gioconda. Com isso podemos ver que hoje, a gestão de conhecimento em Roraima, que é um estado indígena, está na mão de uma mulher. Isso faz do estado um espaço da diversidade”, destacou o palestrante.
Palestra - Celso Prudente ministrou a palestra “A cosmovisão africana na reconstrução da imagem da formação positiva do Ibero-afro-ameríndio: cinema negro posto em questão”. Organizador da Mostra Internacional de Cinema Negro, ele explicou que “a denominação cinema negro se refere a todas as forças que são vistas como vulneráveis nesta sociedade”, como as mulheres, índios, deficientes, ciganos, LGBT, entre outras.
“A história da humanidade nasce na África, então somos todos africanos”, disse o professor da UFMT, colocando que esta população considerada vulnerável agrega todas as demais da sociedade e que os movimentos sociais são componentes estruturais da dimensão pedagógica do cinema negro.
A palestra contou com a participação de um grupo de alunos do ensino médio do colégio Instituto Batista de Roraima (IBR). Para a aluna do 2º ano, Vitória de Souza, de 16 anos, a ação foi bastante interessante. “O cinema vai permitir mostrar o outro lado da cultura de Roraima e nos trazer uma visão mais crítica da sociedade”, declarou.
Encontro – Na tarde de segunda-feira (17), a UFRR promoveu um encontro entre produtores de audiovisual roraimense e o professor, antropólogo, cineasta Celso Prudente. A atividade ocorreu na sala de multimeios da UFRR e teve a participação de representantes do Núcleo de Produção Digital (NPD-UFRR) TV Universitária, Shazam Produções e Coletivo Canoa Cultural.
Durante o encontro, Celso falou sobre o cinema negro no país, que seria definido como um cinema das minorias, essencialmente revolucionário. “É um cinema onde o negro não é só referencial estético e passa a ser o realizador, portanto, ele adquire status de sujeito histórico, aquele que constrói a sua história, aquele que escreve o seu destino”, descreveu.
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