UFRR homenageia mulheres que atuam na instituição
Apesar de ser oficializado apenas em 1975 pela Organização das Nações Unidas (ONU), o Dia Internacional das Mulheres é comemorado desde o início do século 20, quando diversos grupos de mulheres ao redor do mundo foram às ruas reivindicarem por direitos e melhores condições de trabalho.
A data também está relacionada à tragédia ocorrida em 25 de março de 1911, quando 146 trabalhadores, sendo 125 mulheres e 21 homens, morreram queimados em uma fábrica de Nova York.
Para celebrar a data que marca a luta e resistência do gênero, a Coordenadoria de Comunicação da Universidade Federal de Roraima (Coordcom/UFRR) reuniu seis mulheres da instituição para relatarem sobre a realidade do sexo feminino na atualidade, com desafios, conquistas e esperanças.
Segundo a Pró-reitoria de Gestão de Pessoas (Progesp), a UFRR conta com 56 mulheres atuando como docentes no Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT) e 252 no Magistério Superior. Além disso, a equipe da universidade conta com 207 técnicas administrativas.
De acordo com o Departamento de Controle e Registro Acadêmico (Derca), são 4.009 mulheres estudando atualmente na UFRR.
Vamos conhecer algumas das mulheres da UFRR:
Como entrei na UFRR em 2020, início da pandemia da Covid-19, tive pouco contato com outros alunos e até mesmo docentes. Então, espero que, com o retorno das aulas presenciais, todas as mulheres que frequentam a UFRR, sejam alunas ou não, tenham segurança dentro dos campi da universidade. Acredito que eleger mulheres para os cargos de representação é necessário para que isso aconteça, pois teremos representatividade e maiores chances de termos nossas demandas assistidas enquanto acadêmicas. Eu, como vice-presidente do Centro Acadêmico do curso de Psicologia (CAPSI), estou disposta a defender qualquer colega que passe por situações que as coloquem em risco por serem mulheres.
Lívia Graziella da Silva Ferreira – Acadêmica do 4° semestre do curso de Psicologia
Trabalho em uma área que sempre considerei muito importante para qualquer entidade ou empresa. Afinal, conhecimento e ação juntos mudam a realidade de qualquer lugar. Sinto que sendo mulher tenho exercício da escuta ativa e sensibilidade de tratamento com as pessoas nas situações difíceis. Especialmente quando se é mulher, sendo mãe e solteira, administrar passa ser nosso sobrenome. Nessa posição, já observei que as falas femininas em algumas áreas, ditas de domínios masculinos, são, por vezes, ignoradas, mas quando um homem fala a mesma coisa que falamos, a fala deles é escutada e valorizada. Aos poucos, tenho visto isso diminuindo, mas ainda é real. Então, mantenho meu posicionamento, agora com mais firmeza, e sempre que estou com outras mulheres busco dar força e voz às suas falas e ações. Como mulher, mãe, cidadã e servidora tento fazer da minha casa um ambiente onde haja equidade entres gêneros. Sou muito entusiasta em ver mulheres em posições de liderança e fazendo o que têm vontade de fazer, pois fui criada para ser assim.
Mayara Nunes Cardoso - Coordenadora de Capacitação do Servidor da UFRR
Durante a pandemia, atuei na linha de frente das pesquisas em colaboração com a força-tarefa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) contra a Covid-19, o que nos trouxe mais conhecimento sobre o vírus, seus mecanismos de patogênese e a resposta do organismo o que resultou em publicações nas principais revistas cientificas internacionais. Além disso, sou mãe de atleta, adoro ler, cozinhar, amo biologia molecular e estar com pessoas. Meu sonho é que as pessoas conheçam cada vez mais os ambientes amazônicos, entendam e respeitem não só o ambiente, mas principalmente a cultura e as pessoas que aqui vivem. Ser mulher na área da pesquisa é muito desafiador, principalmente para as mães, que muitas vezes têm que adequar a jornada acadêmica com os filhos. Mas também é muito recompensador sabermos da nossa representatividade em um meio muito produtivo no qual não somos a maioria.
Fabiana Granja - Coordenadora do Laboratório de Biologia Molecular do Centro de Estudos da Biodiversidade da UFRR
Me profissionalizar na enfermagem tem sido difícil por conta da pandemia, mas ao mesmo tempo tem sido uma experiência incrível. É uma profissão muito nobre e composta em sua maioria por mulheres, que atuam em diversas áreas dentro da enfermagem. Tenho grande admiração pelas minhas professoras, que são exemplos para mim de mulheres fortes e que fazem grande diferença. Apesar de saber que não é fácil, pois ainda é uma profissão desvalorizada e as profissionais são expostas a diversas situações ruins. Lamento que só agora, por conta da pandemia, tenham percebido a importância dos profissionais de enfermagem, principalmente as mulheres.
Aimêe Leitão - Acadêmica do 4° semestre do curso de Enfermagem
Um dos maiores desafios ao trabalhar com comunicação é combinar um estilo de vida minimalista. Tentar meditar enquanto somos tomados por tantas notícias desafiadoras. Manter o equilíbrio enquanto se reflete criticamente sobre uma guerra em pleno ano de 2022. Como se não bastasse nosso cenário pandêmico depois de tanto tempo em isolamento, mas buscando, muitas vezes, por meio do jornalismo as informações, ainda temos que lidar com a herança de uma sociedade patriarcal. Nascemos da mãe terra e muitas mulheres nos habitam. Filha, mãe, avó ou metade desses intervalos porque também há vida nas sementes, árvores e frutos. O ecofeminismo traz consciência sobre a subordinação das mulheres e da natureza e as relações entre os diferentes tipos de opressão, como racismo, machismo, especismo, classismo, desmatamento, garimpo e agora vemos tudo isso de forma ainda mais gritante na pandemia. O encontro da ecologia na valorização das atividades das mulheres com o trato adequado à natureza nos desperta para mudanças importantes. Por isso, quero compartilhar um pouco da minha própria experiência em ser mulher e da minha opção pelo veganismo como uma forma de ativismo. Uma vez li uma frase do Gandhi: “seja a mudança que você quer ver no mundo”, mas o que significa isso? Pensar globalmente e atuar localmente pode ser o primeiro passo. Se os desmatamentos, queimadas, mortes de animais, descaso com os povos originários lhe dói, considere o veganismo, por exemplo, pois o maior responsável pelos desmatamentos e queimadas na Amazônia, no Cerrado e no Pantanal é a pecuária devido ao alto consumo de carne. Já há mais bovinos do que pessoas no Brasil. De acordo com o IBGE, o Brasil possui 215 milhões de cabeças de gado para 210 milhões de habitantes. Por isso, nossa responsabilidade individual sobre nossas escolhas afetam a dimensão coletiva. Trago esses dados, pois ser professora e pesquisadora fazem estudar movimentos que extrapolem os muros da academia. Ética, estética e política oferecem a possibilidade de pensar em outros mundos possíveis.
Lisiane Aguiar - Docente no curso de Comunicação Social da UFRR
Quando escolhi a engenharia, estava ciente dos desafios que eu encontraria, mas vivendo na prática é muito mais desafiador, não é mesmo? Durante esses 4 anos de graduação, estágios e projetos já fui interrompida quando deveria estar sendo ouvida, desrespeitada em canteiro de obras, fui invisível em lugares em que deveria ser destaque. Por outro lado, também vivi experiências incríveis, em que pude mostrar quem eu sou e ser respeitada como mulher, estudante e profissional. Sou grata, pois, apesar de tantos desafios, ainda existem lugares bons que praticam respeito e igualdade. A luta é sempre grande, mas os resultados também são. Por fim, desejo que continuemos a lutar pelo nosso lugar no mundo, como líderes, como mulheres da ciência ou em qualquer outro espaço em que a gente queira estar, porque não só é possível, como é cada vez mais real.
Rebeca Dias – Acadêmica do 6° semestre de Engenharia Civil e bolsista na UFRR
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