Dia do Economista – UFRR já formou mais de 300 profissionais da área
Nesta sexta-feira (13/8) comemora-se o Dia do Economista. A data é celebrada desde 1951, quando a profissão foi regularizada pelo então presidente Getúlio Vargas. Na Universidade Federal de Roraima (UFRR), também se festeja este dia desde o começo dos anos 1990, quando começaram as atividades do curso de Ciências Econômicas, da instituição.
Criado em 26 de novembro de 1991 pela Resolução do Conselho Universitário (CUNI) nº 025/91, o curso foi reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC) em 9 de maio de 1997, através da Portaria nº 613, publicada no Diário Oficial da União de 12 de maio de 1997. Atualmente, o Centro de Ciências Administrativas e Econômicas (Cadecon) abriga o curso, que funciona no bloco II, campus Paricarana.
O corpo discente atual do curso de Economia na UFRR é composto por 246 alunos regularmente matriculados. A primeira turma de egressos aconteceu no ano de 1995/1996. Desde então, a UFRR formou 329 profissionais até o ano 2020. A maioria desempenha suas atividades nos setores público e privado de Roraima e/ou está realizando cursos de pós-graduação em outras instituições do Brasil.
Entre as atividades que um economista pode exercer, conforme o Conselho Federal de Economia, estão a assessoria, consultoria e pesquisa econômico-financeira e estudos de mercado e de viabilidade econômico-financeira, assim como o planejamento, formulação, implementação, acompanhamento e avaliação econômico-financeira de política tributária e finanças públicas.
O curso possui 16 professores efetivos com dedicação exclusiva. Destes, 13 são doutores e 3 são mestres, estando um em processo de finalizar o doutorado.
Para saber mais sobre o curso, seus desafios e potencialidades, a Coordenadoria de Comunicação da UFRR conversou com o professor Carlos Eduardo Gomes, coordenador do curso de Economia.
Por e-mail, o docente, em respostas elaboradas em conjunto com outros professores do colegiado de Economia, abordou questões como o ensino remoto na pandemia e apontou perspectivas para o curso no mundo pós-pandemia de Covid-19. Confira a seguir a conversa virtual na qual Gomes representa o curso:
COORDCOM - Na sua visão, como o curso de Economia tem contribuído para o desenvolvimento da sociedade roraimense?
Carlos Eduardo Gomes - Roraima está localizado na Região Norte e é o estado mais setentrional do Brasil. O estado faz fronteira internacional com Venezuela e Guiana e divisa nacional com os estados do Pará e Amazonas. É na cidade de Boa Vista, única capital brasileira totalmente no hemisfério Norte, onde se localiza o campus Paricarana, em que ocorrem as aulas do Curso de Ciências Econômicas.
Roraima é o estado menos populoso do país, as estimativas do IBGE para 2020 é que a população seja de aproximadamente 631 mil habitantes, que estão fortemente concentrados em Boa Vista, aproximadamente 420 mil habitantes (IBGE, 2020).
Em 2018, o estado possuía o terceiro maior PIB per capita (R$ 23.188,92) das regiões Norte/Nordeste (13º maior do Brasil), ficando atrás apenas dos estados de Rondônia e Amazonas (IBGE, 2018). Entretanto, o estado possui o pior indicador de distribuição de renda do país. Os problemas socioeconômicos do estado são latentes, aproximadamente 39% da sua população vive abaixo da linha da pobreza (IBGE, 2020).
Além disso, o estado vem recebendo uma grande quantidade de migrantes venezuelanos desde 2015 (estopim da crise política na Venezuela), o que vem pressionando a estrutura pública de saúde, educação e segurança.
Além dessas importantes questões, o estado possui diversas potencialidades que podem ser estudadas pelos economistas, como:
- Crescente presença do agronegócio no estado.
- Uma possível ligação do estado com o oceano, com a construção da estrada que liga Boa Vista a Georgetown, na Guiana.
- Possibilidade de aumentar os negócios com a Guiana após o início da produção de petróleo do país.
- Relação entre o crescente setor de serviços e o setor público em Boa Vista.
- O aumento das exportações para a Venezuela, proveniente da crise de abastecimento desse país.
- Possibilidade de extração mineral e florestal e as questões legais e ambientais envolvidas.
- Diversidade cultural da população (grande número de migrantes locais e internacionais) que pode gerar ganhos importantes para os recursos humanos do estado.
- Questões indígenas e relacionadas a gestão do solo.
Diante das mutações ocorridas na sociedade e economia roraimense, o curso de Economia da UFRR tem exercido contribuição na formação de profissionais com perfil analítico, embasados sob a ótica histórica e teoria aplicada.
Apesar do setor da indústria local obter uma pequena participação nas atividades e maior participação na prestação de serviços públicos, o capital intelectual tem fornecido aporte para as alterações peculiares que a sociedade enfrenta atualmente. O momento econômico da região com o fluxo venezuelano, por exemplo, traz alguns impactos negativos voltados para a sobrecarga dos serviços públicos, principalmente na educação, saúde e segurança.
Por outro lado, traz impactos positivos também, que são intrínsecos da atividade econômica. Neste aspecto, o investimento privado é um fator dinâmico na economia, visto como eixo central de todo ciclo produtivo. A demanda por bens e serviços acarretada pelo fluxo migratório estimula os investimentos privados, aumentando assim a produção e, consequentemente, emprego, renda e disponibilidade de consumo.
De acordo com o relatório do IPEA 2021 (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), surgiram de forma espontânea iniciativas de acolhimento e proteção nos estabelecimentos educacionais em resposta às demandas sociais estabelecidas pelo processo migratório. O próprio relatório cita ainda como exemplo “o Projeto de Apoio aos Refugiados em Roraima/UFRR”, de 2017, que iniciou suas ações de acolhimento mesmo antes da chegada das agências da ONU. As ações do projeto se direcionaram, sobretudo, à oferta de aulas de português, campanhas de sensibilização da opinião pública sobre migração e campanhas de doação de alimentos e roupas. A iniciativa contou com o apoio da Pró-reitoria de Assuntos Estudantis e Extensão. Entre os anos de 2016 e 2018, outras iniciativas foram desenvolvidas, em âmbito universitário aos migrantes.
A partir de toda essa dinâmica econômica que o Estado tem passado, vários profissionais que cursaram Economia na UFRR, atualmente exercem funções que subsidiam para as problemáticas enfrentadas em várias instituições, dentre elas a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Roraima (Fecomercio-RR), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Secretaria de Estado de Planejamento e Desenvolvimento (Seplan), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), instituições financeiras, dentre outros.
O curso irá apresentar em breve uma nova proposta no Projeto Pedagógico do Curso (PPC) com inovações no conhecimento econômico, envolvendo questões motivadas pelo implemento tecnológico e seus efeitos multiplicadores para programas e políticas públicas. A transformação digital atualmente é um cenário de negócios em curso no Brasil com grande velocidade de adaptação e isso abrange o Estado de Roraima também. Esse fator está incluso na economia criativa, que está crescendo de forma exponencial nos últimos anos. Nesse aspecto, o curso de economia da UFRR está ingressando em novo contexto de adaptação na era do consumidor conectado. Isso envolve o protagonismo dos micros e pequenos negócios, os quais produzem renda para empreendedores e disponibilizam serviços para a sociedade.
Essa são apenas algumas questões que o olhar técnico de um economista exerce um papel fundamental. O curso de Ciências Econômicas pode ajudar a gerar profissionais capazes de refletir sobre tais questões, ajudando na proposição de soluções racionais para estas e outras questões.
COORDCOM - Quais são os fatores que destacam o profissional formado pela UFRR neste curso?
GOMES - Visa-se formar profissionais egressos assentados em uma base de formação sólida, alicerçada em conhecimentos de base quantitativa; que tenham familiaridade com o raciocínio analítico e com a lógica dedutiva; que possuam noções abrangentes nas áreas de finanças e negócios; que considerem em suas análises aspectos regionais e ambientais; e que possuam amplo conhecimento da história dos fatos e do pensamento econômico no Brasil e no mundo. Além disso, está alicerçada no compromisso de estimular os alunos para que se tornem egressos capazes de questionar, argumentar, relacionar os conhecimentos, defender suas próprias ideias, gerar interpretações intelectualmente e moralmente bem fundamentadas e despertar a capacidade crítica e de reflexão interdisciplinar do conhecimento adquirido.
COORDCOM - Como o curso encarou o desafio do ensino remoto na pandemia de Covid-19 e quais aprendizados possivelmente serão levados para as aulas presenciais quando estas voltarem a acontecer?
GOMES - O distanciamento/isolamento social e a suspensão das atividades presenciais de ensino tornaram necessária a adoção do ensino remoto emergencial e, com isso, toda a comunidade acadêmica precisou se adaptar ao novo contexto. Todas as disciplinas ofertadas pelo Departamento de Economia estão sendo ofertadas, inclusive para outros cursos da UFRR.
Percebeu-se que as principais dificuldades enfrentadas, tanto pelos docentes quanto pelos discentes, foi a qualidade da internet. Outra grande dificuldade foi o acesso à internet e aos equipamentos pelos discentes, principalmente. Pode-se também citar o desinteresse por parte de alguns discentes com as aulas remotas.
Em relação aos aprendizados, o uso da tecnologia será uma aliada permanente como instrumento pedagógico.
COORDCOM - Caso queira acrescentar alguma outra informação, sinta-se à vontade.
GOMES - Estamos modernizando o Projeto Pedagógico do Curso de Ciências Econômicas da UFRR em um ambiente marcado por elevado padrão de qualidade e competividade. Com esses avanços, chegou-se à consecução de um projeto pedagógico moderno, alinhado ao contexto nacional e internacional, sem perder o foco nas especificidades locais. Com esta proposta, nossos egressos estarão preparados aos desafios tão complexos da profissão do economista no contexto atual, seja na inserção no mercado de trabalho nos setores público e privado, na possibilidade empreendedora ou na continuação dos estudos em programas de pós-graduação.
Redes Sociais