Professores refletem sobre os desafios trazidos pelo ensino de português para estrangeiros
Desde 2015, o estado de Roraima passou a vivenciar um forte processo migratório de cidadãos venezuelanos, devido à grave crise econômica e social enfrentada pelo país vizinho. Segundo dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), entre 2015 e maio de 2019, o Brasil recebeu cerca de 178 mil solicitações de refúgio e de residência temporária de imigrantes vindos da Venezuela (VE).
Pessoas que, de “uma hora para a outra” precisam aprender a falar e escrever na língua portuguesa e assim conseguirem sociabilizar com os brasileiros e ter mais condições de conseguir oportunidades profissionais, acessar o ensino superior, dentre outras necessidades. Neste aspecto, os profissionais da educação brasileira viram-se diante de um desafio: quais são os caminhos para atender com qualidade esta nova demanda, a partir de uma nova perspectiva no ensino de português, o Português como Língua de Acolhimento (PLAc).
Este panorama estimulou que o professor Marcus Vinícius da Silva, do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Roraima (CAp/UFRR), elaborasse o artigo, em parceria com a professora Cora Elena Gonzalo Zambrano (UERR), intitulado “Do Global ao Local no Ensino de PLAc em Roraima: por uma formação de histórias locais na Universidade Federal de Roraima”. O estudo foi publicado recentemente na Revista Linguagem & Ensino, da Universidade Federal de Pelotas, Qualis A1, na área de Letras/ Linguística.
No decorrer do artigo, produzido no meio do ano de 2020 e aceito para publicação em dezembro/2020, eles apresentam a atual situação de implementação de ações educacionais voltadas para o ensino de português como língua estrangeira/adicional/ acolhimento oferecidas pela Universidade Federal de Roraima (UFRR) e trouxeram discussões que atravessam a formação específica para os professores que atendem aos estrangeiros em situação de refúgio e imigração forçada.
Dentre as considerações finais trazidas no artigo, os professores afirmam que há ações de políticas linguísticas/formativas sendo pensadas e desenvolvidas pela UFRR, no sentido de amenizar os problemas de ensino e formação decorrentes da grande demanda de cursos de Português para estrangeiros, mas ainda há muitos desafios nesta área;
“Constatamos que há entraves no que diz respeito à formação específica em PLAc, embora existam medidas que estão sendo tomadas para tentar amenizar essa problemática. Sugerimos que tal formação deve passar por reflexões do PLAc global até chegar ao contexto local, analisando o perfil dos alunos e a realidade linguística da sociedade roraimense”, argumentou o professor.
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O dossiê temático intitulado "Cidadania Global em aulas de português como língua adicional" foi organizado por pelos professores doutores Kleber Aparecido Silva (Universidade de Brasília/Brasil) e Eduardo V. Silva (Washington University/EUA)
O trabalho integra a produção intelectual dos professores no Projeto de Pesquisa “Desafios e perspectivas do ensino e da formação de professores de PLA em Roraima”, registrado na Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação da UERR, em junho de 2020.
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