Alunos do Instituto Insikiran defendem de forma remota trabalhos de conclusão de curso
A pandemia de Covid-19 vem sendo enfrentada de diversas formas pela Universidade Federal de Roraima (UFRR) e seu corpo discente e docente. No quadro do novo normal, que inclui distanciamento social e estudos remotos, um grupo de oito estudantes dos cursos do Instituto Insikiran de Formação Superior Indígena conseguiu esta semana superar diversos desafios e defender os seus Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC).
Uma das acadêmicas que defendeu é Francimar Bezerra Dionísio, do curso de Gestão Coletiva Indígena em Saúde. Moradora da comunidade Milho, na Terra Indígena São Marcos, Francimar apresentou um artigo científico sobre Gestão de Resíduos Sólidos.
Orientada pelo professor doutor Eliseu Adilson Sandri, a defesa de Francimar aconteceu de forma remota no dia 10/11/2020, fazendo a transmissão pela plataforma Web PoP-RR-RNP diretamente de sua comunidade, que fica na região conhecida como Baixo São Marcos.
Apesar de um susto de última hora devido a um problema técnico com o seu equipamento, o processo de defesa aconteceu com sucesso.
“A ideia da defesa do meu TCC seria inicialmente pelo computador que tem lá na comunidade, mas na última hora ele falhou. Peguei meu celular e fiz a conexão com a internet e a experiência foi muito boa. Meu celular é dos mais simples, com a tela bem pequena, e mesmo assim, com ele, consegui alcançar meu objetivo. E devido à pandemia da COVID-19, tempos difíceis que estamos vivendo, ele foi fundamental para que eu permanecesse em isolamento social e em proteção desta doença traiçoeira. É uma luta e resistência constante junto com o meu povo”, enfatiza Francimar.
Outra defesa feita a distância foi realizada pela aluna Alclécia dos Santos Almeida, indígena da etnia Wapichana e moradora da comunidade indígena Truaru da Cabeceira, a cerca de 70 km de Boa Vista.
Estudante do curso de bacharelado em Gestão em Saúde Coletiva Indígena, Alclécia foi orientada pela professora mestre Ana Paula Barbosa Alves na elaboração do artigo “Uma revisão da literatura sobre migração e sua relação com o processo saúde e doença”.
A acadêmica relata que a ideia inicial do TCC era um estudo sobre migração e seus impactos nos serviços de saúde no Hospital da Criança Santo Antônio, mas com a pandemia de Covid-19 não conseguir dar prosseguimento à pesquisa.
Alclécia relembra que estava com o projeto de pesquisa em andamento pelo Programa de Iniciação Científica (PIC) e a orientadora sugeriu que o aproveitasse como TCC. Para poder escrever o texto, a acadêmica teve que improvisar um monitor para seu computador.
“Enfrentei um imprevisto com a tela do meu notebook. Na hora fiquei desesperada porque não tinha dinheiro para o conserto e faltava um pouco mais de um mês para fazer a entrega do relatório final pro PIC. Foi quando surgiu a ideia de conectar o notebook na nossa TV. Graças a Deus deu certo e transformei a TV na tela do meu notebook e foi assim que consegui concluir meu artigo”, relembra, acrescentando o malabarismo tecnológico que fez no dia da defesa:
“Durante a apresentação do meu TCC usei a câmera do meu celular pra sair meu áudio e aparecer minha imagem e a TV como tela do meu notebook pra fazer apresentação dos meus slides. É como minha orientadora disse: apesar de todas as adversidades e dificuldades eu consegui vencer meus medos e minhas inseguranças. Dei o melhor de mim nessa apresentação e graças a Deus deu tudo certo”.
Os demais estudantes indígenas que também apresentaram seus TCCs a distância foram Diana Calixto da Silva, Carina Almeida Brás, Elizete Camilo Araújo, Jean Pablo Diogo Januário, Luciana Alves da Silva e Naiane Souza da Silva. Respectivamente, abordaram as seguintes temáticas: Gestão Integrada de Resíduos Sólidos em comunidades indígenas, problemática da atividade garimpeira ilegal na terra indígena Raposa Serra do Sol, alternativas de alimentação diversificadas aos povos indígenas do Lavrado e os impactos da Covid-19 aos povos indígenas da Amazônia Setentrional.
Redes Sociais