Comunidade da Raposa I recebe oficinas de qualificação sobre turismo de base comunitária
O IV Encontro de Turismo Comunitário da Amazônia (VI ETCA) realizado de 22 a 26 de março de 2017, no prédio do Programa de Pós-graduação em Recursos Naturais (PRONAT/UFRR) tem dado bons resultados. Com o tema: “Protagonismo das populações tradicionais e povos indígenas”, o evento reuniu professores e pesquisadores de vários estados brasileiros e representantes de povos indígenas Macuxi, Wapixana e Ingarikó, além de ribeirinhos do rio Uraricoera.
Dentro dos resultados esperados no ETCA 2017, uma equipe composta por integrantes da Universidade Federal de Roraima (UFRR) e Universidade Estadual de Roraima (UERR), além da consultoria Cactus da Amazônia (AM) viajaram esta semana para a comunidade da Raposa I, município de Normandia, com o objetivo de realizar uma série de treinamentos de interesse da comunidade. A capacitação está sendo realizada na Escola Estadual José Viriato Raposo e vai até a próxima sexta-feira (07). A atividade faz parte de um projeto de extensão vinculado à Pró-reitoria de Assuntos Estudantis e Extensão (PRAE/UFRR).
Projeto - Com 15 anos de atividade, o representante da Cactus Consultoria da Amazônia, geógrafo Everardo Girão, do estado do Amazonas, explica que esta parceria vai render muitos frutos, uma vez que foi dado o pontapé inicial durante o IV ETCA, no qual estes debates foram decisivos para o estreitamento do diálogo entre as comunidades tradicionais e pesquisadores na constituição do projeto de extensão.
"Nossa proposta é fazer uma força tarefa para incentivar o turismo local participativo com o objetivo de realizar, no período de 03 a 07 de julho, uma oficina de sensibilização e planejamento turístico, na qual serão levantadas as demandas da comunidade e verificadas as vocações da comunidade e as potencialidades turísticas da região. Não adianta ter apenas o potencial. Temos que ter o produto. Entre o potencial e o produto existe um caminho a ser percorrido. A proposta é desenvolver este caminho da transformação do potencial em produto turístico de base comunitária", destaca Girão.
Ele explica que primeiramente será feita uma sensibilização para atingir um nivelamento de conhecimento da temática do turismo e dos segmentos da atividade. "O Ministério do Turismo, a partir de 2010, conceituou e segmentou o turismo. Estes segmentos serão trabalhos na comunidade da Raposa, como: ecoturismo, pesca esportiva, turismo rural na agricultura familiar, turismo comunitário e etnoturismo", explica Girão. O etnoturismo, a partir de 2015, tem como norte a instrução normativa 03/2015 da FUNAI que possibilita a atividade turística em áreas indígenas, que até então estava proibida no País.
Girão diz que o Amazonas é o único estado do Brasil que desenvolve esta atividade de forma legal e a ideia é replicar estas experiências exitosas na terra indígena Raposa Serra do Sol, envolvendo a comunidade Raposa I, considerando as particularidades da comunidade. "Entendemos que se a gente não ficar atento as especificidades locais, dificilmente qualquer projeto pode dar certo. Por isso estamos ouvindo a comunidade para depois propor projetos, diagnósticos e prognósticos para o desenvolvimento", analisa.
O professor do curso de Turismo da UERR, Bruno di Brito explica que esta parceria é estratégica para desenvolver a atividade turística, considerando o protagonismo das comunidades indígenas. "Nós realizamos este grande evento na UFRR (IV ETCA) que teve esta temática para construir as relações de desenvolvimento a partir da própria comunidade, além de permitir com que a comunidade enxergue o processo e se enxergue neste contexto. O que vamos propor é a inserção da comunidade neste contexto nacional e internacional dentro de uma perspectiva local e comunitária", ressalta.
Fazem parte da comitiva, além do professor Bruno di Brito e Everardo Girão, o Pró-reitor de Extensão, Vladimir Souza; o diretor do Instituto de Geociências, professor Antônio Tolrino Veras; os fotógrafos Roberto Caleffi e JPavani e o representante da comunidade da Raposa e principal articulador da atividade, Enoque Raposo, que é graduado em Secretariado Executivo na UFRR e pós-graduado em Etnoturismo, por meio do convênio entre a UFRR e a FullBright, nos EUA.
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