Pesquisadores de Roraima tornam-se referência na extração de óleo do inajá
Considerado inicialmente um invasor, o inajá foi objeto de estudo de pesquisadores da Embrapa-RR e da Universidade Federal de Roraima (UFRR), que descobriram potenciais econômicos com a extração do óleo da polpa e da amêndoa da palmeira. O artigo com os resultados foi publicado no livro Palmeiras Nativas do Brasil, uma edição da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
O inajá é uma palmeira oleaginosa, nativa na América. Conforme explicou o agrônomo Dr. Otoniel Ribeiro Duarte, chefe-geral da Embrapa-RR e um dos autores do estudo, essa palmeira é abundante no Estado de Roraima e, alguns produtores, chegaram a considerá-la uma praga, querendo sua exterminação.
No entanto, os pesquisadores realizaram vários estudos, com vistas ao aproveitamento e cultivo comercial do inajá, que confirmaram seu potencial econômico para diversos fins. A pesquisa indica que o óleo da palmeira pode ser utilizado nas indústrias alimentícia, cosmética, farmacêutica e como fonte de energia renovável (biocombustível).
O químico, professor Dr. Antônio Alves de Melo Filho, foi um dos responsáveis pela extração do óleo da polpa e da amêndoa da palmeira, por meio do laboratório do Mestrado em Química da UFRR. O professor explicou que os ácidos graxos do óleo da palmeira foram extraídos a quente, por meio do sistema Soxhlet.
Ácidos graxos do óleo da palmeira foram extraídos a quente,
por meio do sistema Soxhlet
Na análise físico-química dos frutos, observou-se que as polpas têm rendimento de 16,5% de óleo e 83,5% de resíduos (fibras), enquanto que as amêndoas possuem rendimento de 64,5% de óleo e 35,5% de resíduos. O óleo extraído da polpa é amarelo-intenso e o das amêndoas é quase incolor.
Como alimento, o óleo do inajá mostrou-se mais rico do que o óleo de dendê, por exemplo, podendo ser sua cultura mais econômica e é pouco exigente quanto a fertilização do solo e irrigação. No Estado de Roraima, a palmeira está presente de Caroebe a Amajari e sua safra vai de março a setembro. Em outras regiões da Amazônia Legal, a produção do inajá ocorre em épocas distintas, sendo ampliada, podendo ser extraída durante todo o ano.
Na produção agrícola, o inajá não prejudica outras culturas, encaixando-se na agricultura familiar e podendo ser manejada nas pastagens. Além disso, o inajá não possui espinhos, como a maioria das palmeiras oleaginosas, o que facilita o manejo. Conforme os pesquisadores, o inajá também tem importância ecológica, pois grande parte da fauna se alimenta da palmeira.
Rico em cálcio, potássio e magnésio, entre outros componentes, o óleo extraído da amêndoa do inajá é considerado mais nobre, podendo ser amplamente utilizado pela indústria cosmética.
O artigo foi escrito pelos agrônomos Otoniel Ribeiro Duarte, Jane Maria Franco de Oliveira, Dalton Roberto Schwengber e Liane Marise Moreira Ferreira, todos pesquisadores da Embrapa, e pelos químicos Antônio Alves de Melo Filho, professor do Mestrado em Química da UFRR e Rita de Cássia Pompeu de Sousa, analista da Embrapa Roraima.
Prêmio – O livro Palmeiras Nativas do Brasil foi premiado pela Associação Brasileira das Editoras Universitárias (ABEU), com menção honrosa na categoria Ciências Naturais e Matemáticas do Prêmio ABEU 2016, pelo conteúdo inovador e por conter informações que a sociedade científica desconhecia.
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