Extensão - Alunos e professores da UFRR retornam da Operação Portal D´Oeste em Santa Catarina
“As intervenções foram produtivas, porque ganhamos mais do que conhecimento. Ganhamos afeto, um olhar, um abraço, o poder contar. Foi um aprendizado de vida que eu vou levar, foi um marco na minha vida”. Makdones Santos, acadêmico indígena.
Professores e alunos da Universidade Federal de Roraima (UFRR) participaram entre os dias 6 e 16 julho da Operação Portal D´Oeste, organizada pelo Núcleo Extensionista Rondon da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC).
A comitiva foi composta por seis pessoas, entre elas: Makdones Santos, do curso de Gestão Territorial Indígena; Glaucirleide Almeida Castro, do curso de Gestão em Saúde Coletiva Indígena; José Raimundo Torres dos Santos, Antropologia; Roberto Caleffi, fotógrafo; Edlamar Menezes, diretora de extensão e, pelo professor Luiz Fernando Barbosa Júnior, do curso de Música.
Segundo o Pró-reitor de Assuntos Estudantis e Extensão (PRAE), professor Vladimir de Souza, a experiência contribui com desenvolvimento da UFRR. “A UFRR ganhou muito só de ter levado o nome da instituição para região Sul e eles terem contato com outra cultura, desmistificando o que a mídia mostra. Foi um grande retorno. Além disso, ficamos felizes por saber que nossa extensão está bem melhor se comparada a de outras instituições presentes”, disse o professor.
Os convidados da UFRR ministraram as oficinas: Fantoches com Garrafa Pet – Professora Edlamar Menezes; Brinquedos com Garrafa Pet – Aluna Glaucirleide Almeida Castro; Grafismos indígenas de Roraima – Aluno Makdones Santos; Conheça a UFRR – Aluno José Raimundo Torres dos Santos e Expressão corporal como instrumento de linguagem musical – Professor Luiz Fernando Barbosa Júnior.
Oito instituições de vários Estados do Brasil participaram do evento, a UFRR foi a única da região norte. Conforme o professor do curso de música, Luiz Fernando Barbosa Júnior, todos foram divididos em doze grupos e viajaram para pequenas cidades de Santa Catarina. Ele que foi para o município de Lindóia do Sul, afirma que o principal objetivo das viagens foi a integração das comunidades com as universidades, assim como mostrar que as crianças e adolescentes podem ter maiores perspectivas de vida para o futuro.
“A cidade via a gente como um amigo, um parceiro, e se interessava pelo que a gente levava. Todas as informações eram muito interessantes para eles. Eram cidades muito pequenas e a maioria dos alunos não tinha esperança de nada depois do término do ensino médio. E nós mostramos que eles podem sim”, afirmou.
O professor afirmou também que o que mais chamou atenção foi o relacionamento com os membros das comunidades. "A Universidade tem um tripé: ensino, pesquisa e extensão, e nós tivemos uma vivência de dez dias de extensão. Eu me senti inserido na comunidade, um pertencente àquela cidade. Eu vivi e morei naquela comunidade, ela nos abraçou, foi muito interessante", destacou.
O acadêmico do curso de Antropologia, José Santos, que foi para a cidade de Xaxim, com pouco mais de 27 mil habitantes, destacou os grandes problemas sociais que puderam vivenciar e assim, ter uma nova imagem do Sul do Brasil.
“A experiência foi muito boa. Vimos um outro Sul, que a mídia não mostra, ficamos chocados. Levamos muitas oficinas para as escolas. Lá eles têm problemas sociais muito fortes relacionados às drogas, ao bulling e ao preconceito com indígenas e negros, então os professores nos pediam para que trabalhássemos esses temas. Vimos também a pobreza e conhecemos a associação de catadores. Mas o maior desafio foi falar com os adolescentes que lidam com as drogas, alguns choravam nas oficinas. Nós trabalhamos muito a autoestima. O aprendizado que nós levamos foi quase insignificante perto do que pudemos aprender, aprendemos muita coisa” disse.
O aluno que também teve a oportunidade de conhecer a cidade de Entre Rios, notou fortes diferenças entre as etnias do Sul comparadas as de Roraima. “Tivemos o prazer de conhecer a etnia kaingang e guarani e lá verificamos a diferença na organização indígena relacionando com as daqui. Eles não se unem, não lutam por um objetivo comum, são muito dispersos”, afirmou.
Makdones Santos, acadêmico do curso de Gestão Territorial Indígena do Instituto Insikiran, afirma que o carinho da comunidade foi o melhor resultado. “Eu fui levar os grafismos de Roraima e recebi muito mais, um abraço ele diz muita coisa, não precisa se falar nada. Foi uma experiência maravilhosa como pessoa e como acadêmico. As intervenções foram produtivas, porque ganhamos mais do que conhecimento. Ganhamos afeto, um olhar, um abraço, o poder contar. Foi um aprendizado de vida que eu vou levar, foi um marco na minha vida”, declarou.
Ele ainda afirmou ainda que o retorno gerado é a melhor recompensa. “O melhor de tudo foi o retorno. Vejo as crianças me mandando mensagens no facebook falando o que estão produzindo. A relação das oficinas com crianças, idosos, é muito gratificante você abraçar um idoso e vê-lo chorar dizendo ‘não, não vai, precisamos de vocês aqui’ é muito interessante. Passamos dificuldades, como o frio, mas é insignificante diante do que aprendemos e vamos repassar tudo isso. Tudo foi muito produtivo, marcou minha vida”, concluiu.
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