UFRR lança livro Visualidades Carmézia Emiliano
“Estou muito orgulhosa de ter o meu trabalho e minha cultura retratados neste livro”, disse emocionada a artista plástico Carmézia Emiliano, homenageada na obra Visualidades, lançada nesta quarta-feira (13) pela Editora da Universidade Federal de Roraima (UFRR). O livro é de autoria e organização de professores do curso de Artes Visuais da instituição.
O lançamento ocorreu no Espaço de Cultura e Arte União Operária e foi organizado pela Pró-reitoria de Assuntos Estudantis e Extensão (Prae), por meio da Coordenação de Cultura e Eventos e em parceria com a Editora (EDUFRR).
A obra foi organizada pelas professoras do Curso de Artes Visuais da UFRR, Adriana Moreno e Elisangela Martins Elimacuxi. Além das organizadoras, são autores dos textos, os professores, Roseli Anater e Fernão Paim.
Eli Macuxi explicou que a ideia do Visualidades foi coletiva, sendo gestada dentro do curso de Artes Visuais pela professora Adriana Moreno. “É uma grande homenagem que a gente consegue prestar à Carmézia, com a participação dos nossos colegas, cada um na sua área de conhecimento, uma vez que temos um curso multidisciplinar”, destacou.
O livro tem quatro artigos, as professoras Adriana Moreno e Eli Macuxi escreveram, dentro de suas áreas de conhecimento, sobre Artes Visuais e História, respectivamente; o professor Fernão Paim fez uma análise poética do trabalho da Carmézia e a professora Roseli Anater foi responsável por fazer a biografia da homenageada.
O prefácio foi escrito pelo professor da Universidade de Brasília (UnB), Augusto Luitgards. A produção do projeto gráfico ficou por conta de Greice Vaz e de Aline Rodrigues, já a revisão da obra foi realizada pelo professor Parmênio Citó.
Eli Macuxi destacou que este é o primeiro de uma série de livros. “Nós professores do curso de Artes Visuais pretendemos discutir e divulgar um pouco do trabalho de artes visuais que está sendo feito no nosso estado”, frisou. Além da pintura, outras linguagens das artes visuais serão tema das próximas obras, como fotografia e escultura.
O pró-reitor de Assuntos Estudantis e Extensão, professor Vladimir de Souza destacou que a atual gestão da UFRR tem interesse em realizar várias obras, contribuindo para a produção local. “Esse livro deixa um legado para a nossa sociedade, que seja a primeira de muitas obras”, falou.
Para Kennedy Rodrigues da Costa, aluno do curso de Licenciatura Intercultural do Instituto Insikiran, o lançamento do livro enriquece culturalmente toda a sociedade. “Hoje está sendo um dia muito importante porque estamos adquirindo conhecimento da nossa própria cultura”, disse.
A ação faz parte da programação do evento Abril Indígena, que iniciou no dia 11 de abril e vai até o dia 29. O Espaço de Cultura e Arte União Operária, situado na avenida Nossa Senhora da Consolata, 565, Centro, recebe durante este período várias obras com temática indígena como pintura, artesanato e escultura, além de produção audiovisual e de autores indígenas locais. Após o lançamento, o grupo Cruviana, do projeto de extensão Anna Eserenka, realizou uma apresentação musical. A banda é formada por indígenas.
“Nós estamos levando o movimento indígena a outras esferas que a política não consegue alcançar com a mesma dimensão e magnitude. E estar compartilhando isso com a Universidade Federal de Roraima, que sempre defendeu as causas indígenas, é muito gratificante. Ajuda a fortalecer as parcerias no campo prático das coisas, sai da questão meramente política e administrativa e vai para o campo do sentimento das pessoas, da vida cotidiana dos povos indígenas”, disse Jaider Esbell, curador da exposição Abril Indígena.
Carmézia Emiliano - A artista nasceu na Guyana e, em 1973, sua família migrou para a aldeia do Japó, no município de Normandia. Desde 1988, reside em Boa Vista e foi premiada por quatro vezes pela Bienal de Arte Naïf do Salão SESC de Piracicaba- SP, dentre outros prêmios de renome nacional e regional.
Abril Indígena - Em abril de 2003 um pequeno grupo de indígenas do sul do Brasil, especialmente Kaingang, Guarani e Xokleng, acampou na Esplanada dos Ministérios, e iniciaram um importante processo de mobilização do movimento indígena no Brasil. Representantes do Conselho Indígena de Roraima, manifestaram a intenção de realizar anualmente encontros para pressionar a demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol.
O evento se tornou uma ampla mobilização, tendo então surgido a proposta de realização, em abril de cada ano, do Acampamento Terra Livre. Desde então, na Esplanada dos Ministérios, em frente ao Ministério da Justiça, se realiza o grande momento político dos povos indígenas do Brasil, o Acampamento Terra Livre (ATL).
Em 2009, finalmente, foi homologada a terra indígena Raposa Serra do Sol, razão maior do ATL daquela época. Em 2010, a mobilização se deu em duas regiões onde os direitos indígenas estavam mais ameaçados: no Mato Grosso do Sul, a gravíssima situação dos Kaiowá Guarani e Terena, e no Pará, em função da construção da hidrelétrica de Belo Monte, ameando a vida e os direitos de vários povos indígenas. Hoje, indígenas de todos os Estados do Brasil, lembram com várias ações o Abril Indígena.
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