UFRR apresenta pesquisa inédita em encontro internacional de historiadores
Fachada do Palácio da Universidade de Viena, fundada em 12 de março de 1365 pelo Duque da Áustria Rodolfo IV, e por isso nomeada Alma Mater Rudolphina. Foto Reginaldo Gomes
O XI Encontro Internacional da Associação de historiadores Latinoamericanos e do Caribe (ADHILAC Internacional) ocorreu de 18 a 22 de setembro em Viena, Áustria. Mais de 200 convidados de 40 países participaram do encontro, incluídas 17 universidades brasileiras. A UFRR participou e apresentou mesa redonda sobre as Guianas.
O tema do encontro foi O Congresso de Viena e sua dimensão global, em comemoração aos 200 anos da reunião das potências europeias, em 1814-1815, que redesenhou as relações internacionais do continente europeu e das Guianas por ocasião da derrota de Napoleão Bonaparte. A aula magna foi proferida pelo historiador Immanuel Wallerstein, da Universidade de Yale.
O pesquisador Reginaldo Gomes, vice-reitor da UFRR, o Reitor da Universidade West Indies (UWI) do Campus de St. Augustine, em Trinidad, e as professoras da UWI de Trinidad e Jamaica (esquerda para a direita). Foto Eric Jagdew da Universidade do Suriname
A pesquisa apresentada pelo historiador Reginaldo Gomes expande o território das Guianas, indo além do litoral e englobando todo o interior. De acordo com a visão oficial, são apenas três Guianas: inglesa, holandesa e francesa. “Apontamos que são cinco e não apenas três, como a literatura histórica oficial propaga. Falta acrescentar duas guianas: a portuguesa e a espanhola, que ganharam independência no século XIX”, explica o historiador, participante do encontro como vice-reitor da UFRR, como historiador do tema e membro da ADHILAC na América Latina. O pesquisador, Reitor da Universidade West Indies (UWI) do Campus de St. Augustine, em Trinidad, e as professoras da UWI de Trinidad e Jamaica (esquerda para a direita). Foto Eric Jagdew da Universidade do Suriname
Este resultado refere-se ao reconhecimento do estudo de um grupo de pesquisa interdisciplinar, formado por pesquisadores das Universidades de Amsterdam, Guyana, Suriname, além das instituições brasileiras, as universidades do Pará e USP. O grupo é formado por linguistas, historiadores e jornalistas. “O grupo está crescendo e nossa perspectiva é de ampliação do debate sobre o tema”, explica o pesquisador.
Fruto do encontro, a UFRR foi convidada a participar de uma mesa especial criada com o tema Guianas, no Congresso da ADHILAC Brasil, que será realizado em abril de 2015, em Minas Gerais. Outro convite foi o da University of the West Indies, com campus em Barbados, Trinidad & Tobago e na Jamaica, no Caribe. O reconhecimento é importante, pois a ADHILAC é uma das mais conceituadas associações de historiadores internacionais e do Brasil.
Uma releitura da região amazônica
Sob a ótica da pesquisa, os Estados de Roraima e Amapá e parte dos Estados do Amazonas e do Pará, passam a se inserir também, no contexto desta história. Outro aspecto aponta que a ilha foi ocupada por cinco nações, e não apenas três, com terras pertencentes ao Brasil, Venezuela, Guyana, Suriname e França. A delegação brasileira, composta por 17 historiadores reconheceu durante o evento o caráter inovador do trabalho apresentado.
Uma preocupação refere-se ás mudanças que a pesquisa aponta. O historiador alerta que isso não representa um redimensionamento geográfico ou um remanejamento de fronteiras. A importância do estudo está na sua perspectiva diferente da região Norte e da Guiana Portuguesa no contexto da Amazônia. “Não estamos propondo uma mudança geopolítica. É apenas um reconhecimento histórico”, explica o professor.
Na história oficial brasileira o tema das Guianas não é contemplado. “A nossa mesa redonda foi a única que discutiu este tema numa reunião internacional”, comemora o professor. Essa visão amplia inclusive a identificação cultural da região amazônica e caribenha, que tem uma participação de vários atores: índios, europeus, brancos, africanos, asiáticos.
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