UFRR comemora dez anos do Projeto João de Barro
Ave conhecida por construir seu próprio ninho e reconstruir um novo lar a cada estação, o João de Barro dá nome ao projeto da Universidade Federal de Roraima (UFRR) que tem como objetivo oferecer oportunidade de recomeço aos reeducandos do sistema prisional de Roraima.
Nesta sexta-feira (15), a instituição comemorou a parceria com a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc) que vem resgatando a cidadania e a dignidade de várias pessoas durante os dez anos do João de Barro.
“Esse é um projeto muito importante para a UFRR, por ir além da ressocialização, passar pelos direitos humanos, pela dignidade. Os reeducandos representam uma grande força de trabalho e o êxito do projeto nos deixa orgulhosos, pois a universidade é formada pelos eixos do ensino, da pesquisa e da extensão, mas também pela inclusão social”, destacou a reitora Gioconda Martínez.
O evento, realizado no Salão Nobre da Reitoria, apresentou uma série de relatos de pessoas que por meio do projeto conseguiram mudar de vida e atualmente possuem uma profissão. Alguns, como Márcio Silva da Costa, têm carteira de trabalho assinada.
“Sai da penitenciária sem nenhuma expectativa de vida. Participei do João de Barro de 2006 a 2008 e hoje tenho uma profissão, carteira assinada. Chegar em casa e ver minhas filhas, ter o que comer, trouxe a esperança e a dignidade de volta para mim. Hoje sou uma pessoa diferente, ando com a cabeça erguida”, afirmou Márcio.
A solenidade também contou com a participação dos idealizadores do projeto. A professora Ednalda Dantas, do curso de Química, foi quem trouxe a iniciativa ao reitor da época, professor Roberto Ramos. Juntos com toda a equipe gestora da UFRR, em 2004, implantaram o João de Barro atendendo inicialmente a 12 reeducandos com uma bolsa R$ 280,00. Atualmente, são 37 participantes.
Em busca do diploma de nível superior
O ambiente acadêmico também tem inspirado alguns participantes a voltarem aos estudos e buscarem a formação superior. Silvany Rocha de Almeida integrou o projeto há quatro anos, hoje possui carteira assinada e presta serviços na Biblioteca Central da universidade, além de ser aluna do curso de Pedagogia com previsão de conclusão para o final deste ano.
“Esse projeto é maravilhoso, mudou muito a minha vida. Por isso, digo para todos que participam atualmente: aproveitem a oportunidade, não deixem escapar. Depois que a gente passa pela penitenciária tudo é mais difícil, o preconceito é grande e é preciso ter muita força de vontade para seguir em frente”, aconselhou Silvany.
O projeto
Executado pela Prefeitura Universitária, o João de Barro tem como foco a ressocialização de reeducandos dos regimes aberto e semi-aberto do sistema penitenciário, por meio de várias atividades na área de infraestrutura, como serviços gerais, manutenção em equipamentos, construção civil, e na área administrativa como entrega de documentos, na Biblioteca Central e na Gerência Operacional.
O convênio também oferece cursos de capacitação, palestras e treinamentos em áreas específicas e operacionais. Com o trabalho, os reeducandos recebem uma bolsa mensal de R4 600,00, que contribui para as despesas familiares. A UFRR tem como meta aumentar a parceria com a Sejuc e atender a mais pessoas.
“A Sejuc abraçou o João de Barro e está empenhada em manter o projeto da melhor forma possível. É preciso mudar o olhar da sociedade, da desconfiança ao acreditar nas pessoas”, disse o secretário de Justiça e Cidadania, Natanael Nascimento.
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